Rumo ao Atacama
PAIXÃO? AVENTURA? Superação? Loucura? Estas e muitas outras perguntas caminham ao lado de um atleta independentemente do nível e do esporte que pratica. Obviamente que comigo não poderia ser diferente. Tenho 27 anos e há 15 anos incorporei o esporte em minha vida, mesmo que no início tudo tenha sido de forma inconsciente. Com 12 anos, logo após o falecimento do meu pai e o distanciamento total da minha mãe, entrei em uma escola de natação, ainda em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), simplesmente para ajudar no tratamento de uma bronquite e asma.
Curiosamente, neste mesmo dia, também começou a fazer essas aulas um cara chamado Chico Menez. Ele tem alguns anos a mais que eu e tínhamos vidas completamente diferentes, mas nos unimos nesse esporte e fizemos uma amizade incrível. Tínhamos conosco um técnico chamado José Mario Reis, que foi fundamental para nos ensinar o que é ser atleta – mesmo que amador. Nos mostrou o que é competir, o que é se preparar e nos fez, mesmo que ainda muito jovens, competidores. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que terminei muito mal um treino, estava desmotivado e ele me botou no chuveiro da piscina, sentado, e perguntou: “o que você quer? Ser atleta? Ganhar? Subir no degrau mais alto de qualquer pódio? Para isso, você precisa se dedicar mais, se superar piscina por piscina.
Querer muito!”
Eu escutei tudo aquilo, entendi o recado e, desde então, faço tudo em minha vida assim, intensamente! Nos anos seguintes nós tivemos as orientações do Luciano Gericó que, já em uma fase um pouquinho mais madura, foi fundamental ao mostrar o quanto o esporte poderia nos ajudar em nosso futuro profissional e pessoal. Ele foi fundamental ao nos ensinar a compartilhar e a lidar com o mundo profissional que nos esperava alguns anos depois.
Passado mais algum tempo, me mudei para São Paulo (capital) e o trabalho dominou definitivamente minha vida. Com muitos projetos, pressões e até mesmo ambições, somados ao distanciamento completo do esporte, tive um princípio de síndrome do pânico com crises tensas e vi o álcool tomar conta das minhas noites para que eu simplesmente conseguisse dormir. Eu havia me distanciado até mesmo do Chico, sabia que ele também havia deixado a natação por motivos profissionais, mesmo tendo um excelente histórico de vitórias em sua trajetória. E foi neste cenário que em uma conversa por telefone com ele, sem compromisso e até um pouco embriagado , que relembramos nossos treinos, nossas alegrias e tudo que aqueles anos de parceria nos agregaram que decidimos voltar a treinar: ele lá e eu cá. Foram algumas provas em campeonatos master de natação até conhecer um grupo que corria.
Sempre vi uma distância grande entre a natação e qualquer outro esporte. Por este motivo enxerguei a corrida como mais um desafio pessoal. Desde então comecei a dividir os treinos de natação com alguns poucos kms pelas ruas. Nadando relativamente bem, treinando diariamente para melhorar minha corrida, escutei do meu irmão, Carlo: “Por que você não faz triatlo? Você é competitivo, você é guerreiro, vai dar certo!”
O triatlo sempre esteve por perto pois é a grande paixão do meu irmão, porém nunca imaginei ter forças para fazer uma prova, mesmo que de curta distância! Pois bem, comprei uma bike e assim fui para o triatlo. De lá até o meio do ano de 2013 foram 3 anos de treinamento intenso, acordando nas madrugadas, alguns acidentes de bike, emoções inexplicáveis e até mesmo pódios! Vi minha saúde voltar e as crises de pânico sumirem completamente. Novas amizades e uma energia que me fez mudar meu conceito e minha premissa de vida. Neste meio tempo e com todo esse histórico pensei: Ironman? Sim… eu posso e vou superar esse desafio também!
Comecei o ciclo específico para o Iron em janeiro deste ano com o acompanhamento do Felipe Manente (triatleta profissional que possui uma assessoria multiesportiva). Ele é jovem, guerreiro, extremamente apaixonado pelo esporte e um baita técnico. Com esse suporte, o resultado não poderia ser outro: minha performance subiu de forma espetacular, minha saúde chegou a um nível que eu nunca poderia imaginar e o Ironman foi algo que eu precisaria de algumas publicações aqui para poder compartilhar tudo o que foi vivi.
Foram 100 dias de treinamento intensivo com apenas 3 dias de folga. Muitos km nadados, pedalados e corridos até o dia 26 de maio – dia da prova. Foram 11 horas e 05 minutos em que pude sentir muitas emoções, entre elas ver meu irmão me incentivando quando as dores já tomavam conta do meu corpo e emocionado cruzando comigo a linha de chegada; meu técnico com aquele suspiro de dever cumprido e minha namorada que viveu todo este ciclo mais do que ninguém ao meu lado com um abraço apertado e, também, com a sensação de realização.
Desafio cumprido, pensei muito no que fazer dali em diante. Treinar em um nível forte para disputar agressivamente outras competições de triatlo? Buscar um outro esporte? Enfim, aproximadamente três meses após este meu ápice, decidi focar na realização de um outro projeto tão maluco quanto o Ironman. Correr provas de longa distância, Endurance, e a maratona do Deserto do Atacama em dezembro de 2014. Mais que isso, decidi buscar apoiadores e canais onde eu possa compartilhar não só meu histórico, mas os benefícios do esporte e tudo que o envolve, com o maior número de pessoas possível. Mostrar que podemos fazer algo, evidenciar o quanto é fundamental cuidar da saúde e o quanto isso nos faz feliz! Recebo muitos comentários em meus canais de pessoas que não conheço, de amigos e até mesmo parentes que começaram a cuidar da saúde por ver tudo o que faço. Esses feedbacks são minha maior motivação para levantar todos os dias antes mesmo do sol nascer e cumprir minha planilha.
E é para isso que estarei aqui com vocês neste blog: compartilhar minhas experiências, saber um pouco sobre a de vocês e, principalmente, incentivar e motivar cada vez mais pessoas à prática esportiva.
É uma honra fazer parte desta família Jornal Corrida. Sou imensamente grato à Skechers pelo apoio neste projeto que se inicia; ao Felipe Manente por me mostrar diariamente que é possível superar meus limites; à Ketlin Matiello, minha quiropraxista, por tudo que este tratamento me proporciona tanto na prevenção de lesões, como na recuperação de treinos intensos; à Thais Verdi, pelo acompanhamento nutricional.
Arthur Borelli é atleta amador “desde sempre”. Saiu das piscinas e se apaixonou pelas corridas. Depois de encarar um Ironman treina para novos e longos desafios. Fale com o Arthur: Twitter ou Facebook
Fonte: Jornal Corrida