Deserto Wadi Rum a Petra Jordânia 250 km em 7 dias
Correr na Jordânia era uma questão de redescobrimento do sabor da conquista.
Vencer para muita gente significa estar à frente de outras pessoas, no meu caso vencer é olhar para o meu sonho e conseguir cumprir.
Viajei para Jordânia com uma estratégia em mente, não importava o quão difícil seria a corrida eu teria que me manter firme na trilha e chegar ao final da prova.
Foi realmente uma prova absurdamente difícil onde cada um dos grandes 150 atletas dos 38 países presentes que aceitaram cruzar o deserto de Wadi Rum experimentaram o extremo.
O solo mudou a cada hora, corremos sobre pedras,sal,areia, subimos montanhas,passamos por longas planícies cheias de plantas espinhosas,entramos em túneis, chapadas, sentimos a temperatura chegar a 51 graus durante o dia e descer para 8 graus à noite.
Vimos serpentes, escorpiões e outros tantos bichos curiosos do deserto.
Enfrentamos tempestades de areia, em momentos preciosos de descanso noturno no dia anterior ao dia mais longo da prova.
Correr esse deserto despertou novamente aquela força, das primeiras corridas, me tornei uma criança brincando no parque de areia.
Fiz amigos inesquecíveis como os Beduínos, um povo que vive no meio do deserto hostil, mas que preserva em seus atos a força da gentileza.
Reencontrei amigos conquistados de diversas nações, ( Itália, Singapura,Japão,Coréia do Sul, EUA,Canadá,México, Dinamarca, Austrália,Vetnam, Espanha, Irlanda, Inglaterra, África do Sul,Egito, China entre tantos outros).
No dia da largada era dia das mães e acreditem minha mãe me visitou na noite anterior à largada, eu tinha comigo uma emoção incontrolável que parece crescer a cada dia.
Eu senti de forma muita real o cheiro dela, o calor do abraço que ela sempre me deu antes de uma grande prova e vi com clareza o sorriso dela me dizendo vai e acredita filho.
Foram 63 horas acumuladas nos 7 dias de prova 250km fiquei ali na posição número 118, parece pouco mas se olharmos o tamanho do desafio que esse deserto ofereceu foi uma grande vitória .
Fiz um grande amigo o Dinamarquês Mortai Hebert que vive a 20 ano no Brasil, ele seguiu comigo quase que toda a prova diminuindo um pouco o peso de enfrentar as longas subidas e descidas do deserto, cruzamos juntos as partes mais quentes com dunas e sal, e enfrentamos a etapa longa dia e noite, com nossa energia caindo e voltando foi único chegar junto com esse grande ser humano após 26 horas sem dormir na etapa longa.
É muito difícil falar das dificuldades e da grande alegria e emoção que senti ao chegar em Petra e receber minha medalha.
Mesmo correndo a dezenove anos, o frio na espinha foi o mesmo do início de tudo, o entusiasmo é maior pelo significado desse esforço que é sempre tentar divulgar e gerar benefício ao Graacc, ao filho Vinícius e a todos que estão ao meu redor.
O amigo Mexicano Frank Alvares perguntou em que penso nos momentos duros de uma prova como essa.
Eu respondi, nas coisas mais importantes e marcantes da minha vida.
Meu filho Vinícius, todo o exemplo de força e doação que minha mãe deixou como legado, o apoio diário da minha namorada Maní Matheus, na torcida das minha irmãs, tias,tios,primos e primas, as mensagens de apoio de amigos conquistados por todas as partes do planeta, da fé em Deus do acreditar no meu país.
Olhar nossa bandeira brasileira entre tantas outras nações em um lugar remoto, me traz um peso de responsabilidade enorme, mas um orgulho ainda maior por saber que estamos ali juntos.
Realmente foi uma prova única que me fortaleceu a cada etapa, me testou de maneira extrema e me fez olhar com maior profundidade uma cultura uma natureza e um povo .
Agradeço a Tegma Gestão Logística e a Skechers por me patrocinar e acreditar no meu trabalho.
Agradeço também os apoio da loja Mundo Corrida, Farmácia Galo de Ouro, Clinica Joaquim Grava, Médico Dr. Rogério Neves da Sportslab, meu treinador Herói Fung,minha namorada Maní Matheus,Dona Beth que preparou minhas roupas, a torcida das minha irmãs Eliete e Ednélia, meus primos e primas minha tia Dalva, Guilhermina,Zelita, Antônio, Euclides que tenho no meu coração, aos amigos que torcem para cada conquista e enviam mensagens aos atletas de todo Brasil e a imprensa.
Parabenizar a Mary Gadans e Sam da Racingtheplanet e toda equipe de Médicos, policiais, voluntários por dar um suporte tão importante para todos os atletas e proporcionar um momento histórico em nossas vidas.
Dedico essa conquista sempre em memória da minha mãe e de meu pai, das crianças que lutam contra o câncer no Graacc e ao meu filho lindo Vinícius.
" Sua energia vai se esgotar, num aperto de mão ela retornará com toda força, a saudade vai te acompanhar mas lembrança te fará seguir firme na sua trilha, em alguns momentos você irá achar que tudo acabou, mas você não estará sozinho e conseguirá gritar consegui consegui ao final de exatos sete dias"Carlos Dias Jordan 2012.
Próximas ações de Carlos Dias :
Organização Segunda Ultramaratona 6 horas São Bernardo do Campo
Planejamento desafio 27 ultras nas 27 capitais.