Foto: Michelle Musial
As contusões são a praga dos atletas, a dor envolvida é o menor problema. Uma única contusão que venha depois de um período de tempo ou de repente pode acabar com todo o tempo e energia do treinamento, e até mesmo encerrar permanentemente uma carreira. As contusões deixam inevitavelmente vestígios de tensão e de medo no corpo. Elas são um retrocesso traumático e nunca parecem acontecer no momento conveniente. A contusão é a negação do propósito primordial do esporte: a saúde e o bem -estar.
A contusão é, na maioria das vezes, resultada de fraquezas fundamentais num aspecto mental, emocional ou físico do talento (ou numa combinação deles). Os “acidentes” na realidade não são acidentes. Se nos contundimos, ou se alguém nos provoca uma contusão, alguém não estava prestando atenção, estava irritado ou não estava fisicamente preparado. Na verdade, essas três variáveis – atenção, irritação e falta de preparação- explicam todos os “acidentes” da vida diária que podem ser atribuídos a falhas humanas.
Em consequência, para evitar “acidentes”, precisamos desenvolver clareza mental e atenção, estabilidade emocional(e uma motivaçã0 permanente), bem como preparação física. Elas são as três melhores apólices de seguros que você pode ter- sem lhe custar um centavo.
A contusão aguda, resultante de um impacto (uma queda, uma colisão, um golpe)ou de outra força (uma torção ou um estiramento), que esteja além dos limites de tolerância do corpo, é na verdade muito mais rara do que as contusões crônicas ou aquelas desenvolvidas ao longo de períodos de tempo em função do treinamento inadequado ou da preparação insuficiente. O treinamento natural ajuda a eliminar ambos os tipos de contusão ao cortar as suas raízes.
No intuito de pôr em relevo para você algumas das principais causas da contusão – mental, emocional e física, vou criar um personagem, um rapaz desajeitado chamado Jerry.
Jerry torceu o tornozelo e não consegue entender por que esse “acidente” lhe aconteceu.
Fatores Mentais: Jerry se distrai com muita facilidade, ou por causa dos próprios pensamentos ou das coisas que acontecem ao seu redor. Ele se considera um “cabeçudo. Tem o hábito de criticar a si mesmo impiedosamente e alimenta a tendência de punir a si mesmo com a dor. Tem sérios conflitos com relação a competições e a temporada está prestes a começar.
Fatores emocionais: A motivação de Jerry para jogar é ciclo tímica. Ás vezes, ele está de fato “aceso, mas outras vezes desejaria ficar no banco. Ele sempre teve medo dos esportes de contato e de todas as manobras arriscadas, o que o faz ficar tenso no momento errado. Há ocasiões em que Jerry recua e hesita. Ás vezes, ele fica irritado e percorre com movimentos pesados a quadra, sem prestar atenção ao que está se passando.
Fatores Físicos: Os tornozelos de Jerry são rígidos e relativamente fracos. Por causa da tensão geral, ele é insensível á fadiga e, em alguns dias, exige demais de si ; está acima do peso normal e seu estado geral é sofrível.
Jerry deveria agradecer por só ter torcido o tornozelo.
Quantos de nós “sabiam mas não fizeram”. Sabíamos que não deveríamos ter jogado cansados ou distraídos, mas jogamos ou corremos.
Os atletas interiores experientes estão em sintonia com as necessidades do seu próprio corpo; por conseguinte, as contusões são extremamente raras em seu treinamento. Eles reconhecem muito bem a contusão como o preço pago pela insensibilidade e pela desatenção.

Texto: Por Carlos Dias Revista Endorfina

O Super-humano

 


Dono de dois recordes brasileiros ao mapear o Brasil correndo, num percurso de 9 mil quilômetros com duração de 100 dias e por
ser o primeiro sul americano a correr nos desertos mais extremos do planeta e na Antártida (Gobi-China, Sahara-Egito, Antártida-Pólo Sul e Atacama-Chile) o ultramaratonista Carlos Dias é tido como o Forrest Gump da vida real. O que poucos sabem é que, muito mais do que a habilidade e invejável resistência, Carlos tem em comum com o famoso personagem o fato de ter iniciado essa jornada na infância, quando percorria 15 quilômetros por dia em São Bernardo do Campo para vender doces para ajudar na renda familiar. Esse período foi essencial para que se tornasse um dos maratonistas de grande referência no Brasil.
Na adolescência, começou a trabalhar de lavador de peças em uma empresa de logística, depois como office-boy, passando para auxiliar de compras, até chegar a gerente de vendas em uma empresa de telecomunicações. Se formou em Administração de Empresas e pós-graduou-se em Psicologia Organizacional.
Os estudos realizaram o sonho de sua mãe que criou três filhos com muita determinação, sempre passando a mensagem de “nunca fazer nada pela metade”. Carlos conta que ela não sabia ler e nem escrever, era faxineira de uma empresa. Seu pai faleceu quando tinha 2 anos, e a mãe encarou a vida com um foco impressionante na busca do sonho de ver os três filhos na universidade. Uma missão que ela cumpriu “com muita luz”, afirma o ultramaratonista. Ela faleceu um mês antes de Carlos Dias realizar a largada do desafio de circular o Brasil correndo, considerado o desafio mais difícil de sua vida por ter que superar além da distância das estradas a maior de todas as distâncias ele não teria o abraço de sempre no final da jornada.
Carlos Dias começou a correr exatamente no dia 1° de setembro de 1993. Mais de vinte anos depois, a corrida faz parte de sua vida, e por causa dela, realiza palestras e organiza ultramaratonas em lugares remotos ao redor do planeta> E o atleta conseguiu transformar a sua paixão em trabalho e tem como seus patrocinadores a Skechers, a Movement e a Tegma, e logo mais vai lançar outro desafio; correr 42 quilômetros em 42 dias. Leia mais sobre a sua fascinante trajetória.

quantas corridas realizadas – não tenho mais esse cálculo, mas são muitas de 5 e 10 km, 65 maratonas e diversas ultramaratonas, desde provas de 24h a corridas que duram sete dias em lugares extremos. Além dos desafios de travessias como o que realizei ao redor do Brasil de 18.250 km em 325 dias, a travessia dos EUA de Leste a Oeste (5.130 km em 59 dias), o desafio das capitais que acabei de concluir com êxito correndo 24h todos os finais de semana em 27 capitais do Brasil e o desafio 12 h nas 12 cidades sede da copa do mundo onde criei o slogan torça por eles corra por elas as crianças do GRAAC.
por que começou a correr – comecei a correr no dia 1° de setembro de 1993 em uma prova de 10 km organizada por uma escola na Vila Prudente, em São Paulo. Na época, tinha 20 anos de idade; passaram-se 22 anos de jornada e cheguei aos meus 42 anos de idade com muito entusiasmo. São tantos os motivos para começar a correr… Primeiro, o gosto de experimentar algo novo e sensações que o levam a sentir-se vivo de fato. Outro motivo: sempre gostei de desafio e a corrida oferece desafios para quem pratica, mesmo que você corra 1 km, terá um desafio a vencer. Um outro motivo pelo qual comecei a correr com maior profundidade foi o fato de o nosso campeão Ayrton Senna ter falecido em 1994. Ficou um vazio aos domingos, me inspirei com a maneira como ele levava a sua carreira, e aí decidi fazer a diferença no esporte, mas não sabia como. Acho que hoje tenho essa resposta, uso o esporte para agregar à vida de crianças com câncer, passar uma mensagem de persistência e fé para quem está cético na vida.
relate algo curioso – todos aqui no Brasil e nos EUA me chamam de Forrest Gump por correr longas distâncias. Sempre digo que a diferença do Forrest brasileiro para o americano (personagem do filme) é que eu corro por uma causa, e o do filme, sem um sentido.
onde costuma treinar – eu treino na clínica do Sportslab e no (Centro Grava de Fisioterapia do Esporte), faço trabalho de equilíbrio, força, alongamentos, resistência dentro da piscina, faço treinos com meu treinador Herói Fung na Serra da Cantareira e na Pedra Grande, em Atibaia, além de correr pelas ruas da cidade de São Paulo adequando a minha agenda do dia. Além disso, faço trabalho de alinhamento das vértebras com o quiropraxista Thomas Hiroiuki e massagem uma vez na semana com a equipe de massoterapeutas do Espaço Bel SPA.
o dia de herói – foram tantos, mas vou relatar o dia do nascimento do meu filho Vinícius Dias, no dia 2 de janeiro de 1997. Eu ajudei a fazer o parto e fui o primeiro a pegar meu filho junto com o médico. A emoção foi tão incrível que eu olhei para o médico e disse que iria cruzar o Brasil correndo para agradecer aquele momento divino em minha vida. Depois disso, corri 9.000 km em 100 dias e hoje estou no livro dos recordes brasileiro. Outro “dia de herói” quando quando circulei o mapa brasileiro correndo, com meu filho os últimos metros e encontrando com as crianças do hospital GRAACC. Ao final dessa epopeia pelo país, foi realmente um dia de herói.
corrida dos sonhos – a corrida dos sonhos foi correr em agosto de 2014 na ilha de Madagascar. De qualquer forma, realizei muitas corridas dos sonhos, entre as quais correr na Antártida, Saara, Mongólia, Atacama,  Floresta Amazônica, Jordânia e além, é claro, do Nepal.
antes da largada – eu tomo meu café com frutas, pães, bolos e sucos. Procuro relaxar a mente ouvindo um samba de raiz e viajar nas letras de Chico Buarque, Noel Rosa, Cartola entre outros tantos mestres…
na chegada – extravasar, abraçar, chorar simplesmente, comemorar os passos dados, agradecer a Deus e às pessoas que me fizeram chegar ali.
pior corrida – acho que não existiu, pois em cada corrida entrei com a felicidade de estar ali fazendo parte dos atletas que iriam correr. Difícil foi superar o desafio do Nepal, quando meu corpo sucumbiu no quarto dia e corri 103 km nos 6.800 metros de altura enjoando muito na altitude, mas, mesmo assim, agradeci a Deus por chegar até ali nos 103 km naquela montanha mágica, a Anapurna, e um local de um povo impressionante e gentil.

quem admira no esporte – Ayrton Senna, pela atleta que foi, um ser humano verdadeiro que era firme em sua ideias. Amir Klink, pela visão empreendedora, um visionário que enxerga um cenário de oportunidades onde muitos não teriam coragem de trilhar. O técnico Bernardinho, por ser um líder participativo, obstinado e focado, suando junto com a equipe, ele faz o time render em momentos difíceis da partida.
correr é – a minha segunda pele, é poder abraçar a vida de forma plena, sem barreiras, sem máscaras, correr é viver de verdade, é aprofundar o relacionamento intrapessoal para fortalecer o relacionamento interpessoal com o mundo ao nosso redor.
Fonte:www.gazetaesportiva.net