Brasil e França ideias sobre Desafios

Um forrest gump brasileiro conta seus segredos
O ultramaratonista Carlos Dias revela as chaves de sua motivação para já ter dado o equivalente a 3 voltas no planeta correndo


Por Charlotte Dubois, Christopher Morais, Cielo Ayala, Jeanne Capdegelle, Josseline Jiménez, Laure Drouvot e Tristan Hainsworth, Master 1 ALPI, para o curso de Mediations Interlinguistiques Português


Carlos Dias é o forrest gump brasileiro. Ultramaratonista de profissão, ele foi eleito como Super Humano pelo canal americano The History Channel. Ele também está no Guinness Book, o livro dos recordes, porque foi o primeiro latino-americano a atravessar o Brasil correndo em 100 dias. Ao todo, ele já percorreu 125.000 km em 106 maratonas e 80 ultramaratonas. Além de corredor, ele é formado em administração de empresas e pós-graduado em psicologia organizacional, e também é pai de um menino de 11 anos. A paternidade, segundo ele, é “de onde tira forças para cada desafio”.

Com 45 anos e 25 de carreira esportiva, sua estratégia para chegar ao sucesso é a mente. Ele guarda na cabeça um lema muito poderoso que é o seguinte: « Correr com a mente e depois com as pernas ». Humilde, o atleta reconhece em si sua capacidade de ser imperfeito. Ao saber-se assim, ele busca o conhecimento constante e a excelência na performance.
           
Dias já cruzou os ambientes mais extremos do planeta, percorrendo, por exemplo, 5.130 km de Nova Iorque a São Francisco em 59 dias. Também resistiu ao gelo da Antártica, ao calor dos desertos do Saara e Atacama, no Chile, e correu 250 km no deserto do Atacama, além do Talkalkan, na China, em 7 dias.

Agora, ele está se preparando para o Desafio Dois Extremos 2018, que compreende 10.000 km em 200 dias do Chuí ao Monte Caburaí. De fato, ele não é um corredor habitual, com tênis e roupa atlética cheia de tecnologia. Pelo contrário, ele usa camiseta, uma calça fina e sandálias americanas.

            Durante uma aula de “Médiations Interlinguistiques”, com a professora Valeria Lima Salem, nós tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais do lado humano de Carlos Dias. Durante a entrevista, ele mostrou seus pontos positivos e uma personalidade otimista, madura, paciente e aberta aos outros competidores.

Nesta entrevista, feita por Skype, ele nos mencionou que, durante as maratonas e todas as etapas difíceis, a vontade de encontrar e ajudar o outro sempre foi muito mais importante do que ganhar. Nessas horas, a competição desaparece e a felicidade de correr por uma causa (ele ajuda um hospital para crianças com câncer) ultrapassa qualquer desafio. Sempre disposto a responder cada pergunta, ele mostrou como gosta de interagir com os outros e trouxe muitas histórias para nos contar.

            Por fim, o perfil de Carlos pode ser definido pela grande motivação e determinação que ele demonstra ao conversar e encarar seus desafios, e que obviamente lhe traz sucesso no final. Por outro lado, ele diz não gostar de motivar ninguém, porque “ a motivação de um ser humano tem que estar dentro dele mesmo”.

A seguir, leia a entrevista completa.
                                              
1.      Como você conseguiu aguentar 42 maratonas em 42 dias seguidos para os seus 42 anos?

Sou ultramaratonista desde meus 20 anos, e consegui realizar isso com um desempenho incrível. Ao festejar os meus 42 anos, decidi, uma vez mais, ajudar as crianças com câncer. Corri num hotel em uma esteira, com uma média de 5h diárias, a 8 km por hora. As vezes, também corria na praia para motivar as pessoas. O hotel construiu a infraestrutura necessária para que eu pudesse realizar a prova com sucesso. Também dispunha de um fisioterapeuta, que me fazia massagens depois de cada corrida para cuidar do meu corpo, e fotógrafos, que tiravam fotos para publicar depois os meus desafios na internet. Todos os dias, me levantava as 4 da manhã para me preparar. A minha alimentação era simples: castanhas, frutas como açaí e também batatas. O mais impressionante foi conseguir esse desafio sem sofrer nenhuma lesão. O meu único descanso eram 15 minutos para ir ao banheiro.
O objetivo foi simultaneamente motivar as pessoas que estavam hospedadas no hotel, mais também para abraçar a causa do câncer infantil. Se puder dar um conselho diria que não se pode deixar de lado a preparação antes de começar um novo desafio, ainda mais quando necessite uma boa condição física. Sabia que fazendo 42 maratonas a seguir teria impactos na minha condição fisica. Perdi muitos kilos devido a minha nutrição e os quilômetros percorrido todos os dias.


2.       Já viajei pela América Latina sozinha, como mochileira, então queria saber se você já teve uma corrida mais difícil do que outra, uma situação que te fez querer abandonar tudo?

Claro, ser maratonista é um trabalho bem difícil que precisa de preparação. Com certeza, já senti vontade de abandonar, ainda pior quando você fica longe da sua família, do seu filho, como é meu caso. Porém, a cada desafio minha solução é pensar no meu filho.
            A vida é feita de desafios no caminho e cada ser humano tem que ter a mente bem forte pra enfrentá-los da melhor maneira possível. Acho que a motivação não se ganha. Pelo contrário, ela está em cada pessoa e precisa ser desenvolvida para chegar a se ter sucesso. Mas eu não sou melhor do que ninguém, eu só cuido bem de mim, faço meditação, respiração profunda e, quando chega um obstáculo, continuo seguindo minha trajetória sempre.
Quando quero desistir, penso também nas pessoas que me apoiaram. Eu lembro porque estou aqui, para quem, quais são meus objetivos etc. Meus apoiadores são uma grande força para mim pois eu não estaria aqui hoje sem eles. Quando o ser humano sente que chega até seu limite, tem a tendência de parar. Porém, acho que nesse caso justamente, a gente tem que ultrapassar esse limite difícil. É como quando você faz exercicio em repetições de 30, na 29 você ja esta cansado e na 30, você para. Eu, em vez de parar no 30, que é meu o objetivo, continuo até 31,32,33... Essa dificuldade ultrapassada trará felicidade e confiança para seguir sua maratona na vida.  



3.      Você fez muitas palestras motivacionais, inclusive para militares de selva. Quando você fala sobre motivação, em quais elementos você insiste mais?

Eu tento dar inspiração às pessoas, porque a motivação tem que vir de nós mesmos. Tem que tomar o tempo necessário para desenvolvê-la e ter fé na vida. Para cada problema, há uma solução e para cada pensamento ruim, nunca deixar de sorrir mesmo que as avalanches da vida te ataquem. Eu, por exemplo, me inspiro muito no Ayrton Senna. O meu propósito é aproximar pessoas e transmitir uma mensagem de entusiasmo por onde eu passar. Ajudo as pessoas através das minhas palestras a atravessarem momentos adversos com uma postura mais vencedora.


4.      Em qual país você gostaria morar e por quê?
Quando eu corri na Holanda, gostei tanto da paisagem e das flores que tive vontade de morar no país. Mas logo depois me dei conta que tinha vontade de morar em todos os países pelos quais passava. Eu também acho importante voltar para o Brasil depois de uma corrida, porque é aqui que me sinto em casa.

5.      O seu filho também corre?
Não. Ele prefere nadar. Ele as vezes corre comigo mas não é apaixonado pela corrida como eu.

6.      O que você sente quando corre?
Sinto uma sensação de liberdade e de força porque eu posso comandar o momento e cumprir meu objetivo. Eu sempre sinto saudade do meu filho, da minha família quando corro, mas esses momentos me dão ainda mais motivação e força. É bom ter o poder de ir a qualquer lugar graças às minhas pernas. Dá um sentimento de independência e de autonomia.
7.      Qual foi a corrida mais difícil que você já fez?
Eu sempre acho cada novo desafio vai ser o mais difícil. Antes do meu maior desafio, em 2010, achava que superar as temperaturas extremas nos desertos seria o mais difícil. Mas a corrida mais dura que fiz foi em 2010, quando percorri 18.250 km no Brasil em 325 dias. Corria 56km todo dia. Os 40 primeiros dias dessa corrida foram os mais complicados porque comecei esse desafio logo depois da minha mãe falecer. Estava muito fraco, e os 20 primeiros dias só consegui correr uns 10 km. A minha mãe foi a minha inspiração, a minha motivação. Eu guardo na cabeça a frase que ela sempre falava: “Nunca deixe nada pela metade”. Isso me deu muita força para seguir esse desafio.

8.      Vi na internet que você estava escrevendo um livro. Conte um pouco sobre isso.

Sim é certo, queria muito escrever um livro para contar a minha historia, minhas palestras, então, contatei uma jornalista para explicar o meu desejo. Mais que tudo, quero contar a historia da minha vida, da minha infância até hoje. Passei por muitas etapas difíceis, como a perda do meu pai quando estava estudando e a da minha mãe algumas semanas antes de começar o grande desafio da minha vida, atravessar o Brasil do Norte ao Sul (9 mil km ao total).
Quero contar como surgiu a minha paixão para a corrida, quando eu corria do meu domicilio até a universidade e quando comecei a trabalhar, correndo da minha casa até ao meu trabalho. A partir de este momento, quis sempre fazer mais, desafiando os extremos da corrida como atravessar desertos.



           
9.      Quando você vai correr, por exemplo nos desertos, na selva ou em outro lugar, você vai sozinho ou com outros maratonistas?
Eu corro sozinho, mas sempre com uma mochila pesada com coisas muito importantes dentro: um chip de localização, para que as pessoas possam me localizar se algo ruim acontecer, um saco de dormir, lanternas, canivete, espelho, apito, sinalizador, comida liofilizada (especial para maratonistas), meias, lenço umedecido, roupas de chuva e de frio, protetor solar com repelente, uma rede, a bandeira do Brasil e uma garrafa térmica com água. Mas nunca estou de verdade sozinho. Sempre encontro pessoas e faço amigos por onde passo.

10.  Deixe uma mensagem para nos inspirar!
Há três tipos de pessoas no mundo. Os desistentes, que não tentam nada e deixam tudo pela metade, por preguiça. Os campistas, que tentam, mas ficam em sua zona de conforto, e não são capazes de fazer as coisas até o fim; e os alpinistas, que se preparam bem e com antecipação, assumem riscos e chegam até o topo. Então meu conselho é: seja um alpinista na vida. Nós estamos aqui para escrever a nossa história.


Le Forest Gump brésilien raconte ses secrets 


L’ultra marathonien Carlos Dias révèle les clés de sa motivation. Il a déjà parcouru l’équivalent de 3 tours de la planète, en courant avec des crocs. 


Rédigé par Charlotte Dubois, Christopher Cortinhas Morais, Cielo Ayala, Jeanne Capdgelle, Josseline Jiménez, Laure Drouvot et Tristan Hainsworth, Master 1 ALPI, pour le cours de Médiations Inter linguistiques Portugais.   

Carlos Dias est le forest gump brésilien. Ultra marathonien de profession, il a reçu le titre de Super Humain par le canal Américain The History Chanel. Il est également dans le Guiness Book, le livre des records, car c’est le premier latino-américain à avoir traversé le Brésil en courant en 100 jours. Au total, il a déjà parcouru 125 000 km en 106 marathons et 8O ultra marathons. En plus d’être coureur, il est diplômé en administration des entreprises et a obtenu un master en psychologie organisationnelle. Il est père d’un petit garçon de 11 ans. La paternité est selon lui, « de la que nous obtenons la force pour chaque nouveau défi ».  

Carlos Dias a 45 ans et 20 ans de carrière sportive, il raconte que sa stratégie pour arriver au succès est son mental. Il garde toujours en tête une devise très importante qui est « courir avec l’esprit et seulement après avec les jambes ». Humble, l’athlète reconnait en lui des éléments d’imperfections. Se sachant ainsi, il recherche l’apprentissage constant et l’excellence dans ses performances.  

Dias a déjà traversé les environnements les plus hostiles de la planète, parcourant par exemple 5 130 km de New York à San Francisco en seulement 59 jours. Il a également résisté à la glace de l’Antarctique, à la chaleur du Sahara et de l’Atacama, au Chili, et a couru 250 km dans le désert australien, en plus du Talkalkan, en Chine, en 7 jours. 

Il se prépare maintenant pour le « Défi des roches et des sentiers 2018 », qui comprend 6 km dans les roches et 16 km au milieu de la nature brésilienne. En vérité, il n’est pas un coureur ordinaire, avec des baskets de running et des vêtements d’athlètes plein de technologies. Au contraire, il porte un T-shirt, un legging et des Crocs. 

Lors d’un cours de « Médiation Inter linguistique », avec l’enseignante Valeria Lima Salem, nous avons eu l’opportunité de découvrir un peu plus le côté humain de Carlos Dias. Pendant l’entretien, il a montré ses points positifs et une personnalité optimiste, mature, patiente et ouverte vis-à-vis des autres concurrents. 

Dans cet entretien Skype, il a mentionné le fait que, lors des marathons et de toutes les étapes difficiles, la volonté de rencontrer et aider autrui a toujours été bien plus important que la victoire. A ce moment-là, la compétition disparaît et la joie de courir pour une cause dépasse n’importe quel défi car Carlos aide un hôpital pour les enfants atteints du cancer. Toujours prêt à répondre à chaque question, il a montré à quel point il aime interagir avec les autres et nous a raconté de nombreuses anecdotes. 

Finalement, le profil de Carlos pourrait être défini par l’importante motivation et détermination qu’il montre lorsqu’il parle et fait face à ses défis, et qui évidemment, lui apporte du succès au final.  

Pour la suite, lisez l’entretien complet. 



1. Comment avez-vous réussi à surmonter 42 marathons en 42 jours consécutifs pour fêter vos 42 ans ?  

Je suis un super humain depuis mes 20 ans, et j’ai réalisé tout cela avec des performances incroyables. Quand j’ai fêté mes 42 ans, j’ai décidé, un fois de plus, d’aider les enfants atteints du cancer. J’ai couru dans un hôtel, sur un tapis de course, avec une moyenne de 5h par jour et 8 kilomètres par heure. Parfois, je courais sur la plage pour motiver les personnes à courir. L’hôtel a construit les infrastructures nécessaires pour que je puisse réaliser cette performance avec succès. Je disposais également d’un physiothérapeute qui me faisait des massages après chaque course pour la bonne récupération de mon corps, et aussi de photographes qui prenaient des photos pour publier ensuite mes exploits sur internet. Je me levais tous les jours à 4 heure du matin pour me préparer. Mon alimentation était simple : des noix, des fruits comme l’açaï et des patates. Le plus impressionnant a été de réussir ce défi sans me blesser. Le seul repos que je prenais était de 15 minutes pour aller aux toilettes. 

 L’objectif était à la fois de motiver les personnes qui séjournaient dans l’hôtel, mais aussi de soutenir la cause du cancer chez les enfants. Si je pouvais vous donner un conseil, je vous dirais qu’il ne faut surtout pas mettre de côté la préparation avant de commencer un nouveau défi, encore plus lorsque l’on a besoin d’une bonne condition physique. J’ai perdu beaucoup de kilos à cause de ma nutrition et des kilomètres parcourus tous les jours. 

2. J’ai déjà voyagé seule avec mon sac à dos en Amérique latine, j’aimerai donc savoir si vous avez déjà fait une couse plus difficile qu’une autre, une situation où vous avez failli tout abandonner ?  

Bien-sûr, être un marathonien est un travail difficile qui nécessite beaucoup de préparations. Évidemment, j’ai déjà ressenti la volonté d’abandonner, encore pire quand vous êtes loin de votre famille, de votre fils, comme c’est mon cas. Mais pour chaque défi, ma solution est de penser à lui. Vous savez, la vie est faite de défis sur notre chemin et chaque Être Humain doit avoir un mental assez fort pour les affronter de la meilleure manière possible. Je ne pense pas que la motivation se gagne avec le temps. Au contraire, la motivation est déjà dans chacun de nous et elle a juste besoins d’être développée, pour ainsi arriver au succès. Mais je ne me considère pas supérieur à un autre, je prends juste soin de moi, par le biais de la méditation et d’un travail de respiration profond. Quand arrive un obstacle, je continue toujours de suivre ma trajectoire.  




Quand je ressens l’envie d’abandonner, je pense aussi aux personnes qui m’ont soutenu jusqu’ici. J’essaie de me souvenir pourquoi je suis ici, pour qui je fais tout ça, quels sont mes objectifs etc. Mes partenaires sont une grande force pour moi, je ne serais pas ici aujourd’hui sans eux. 

Lorsque l’Être Humain ressent qu’il arrive à sa limite, il a tendance à vouloir tout arrêter. Mais je pense justement que c’est à ce moment même qu’il doit surpasser cette limite difficile. C’est comme quand vous faite un exercice de 30 répétitions, vous ressentez de la fatigue au 29ème mouvement et vous arrêtez au 30ème. Par ma part, au lieu d’arrêter au 30ème mouvement qui est mon objectif, je continue au-delà de celui-ci, jusqu’à 31 ou 32 ou même 33. Cette difficulté finalement surpassée vous apportera comme moi, le bonheur et la confiance, afin de continuer ce marathon de la vie.  

3. Vous avez fait beaucoup de conférence pour motiver tout le monde. Quand vous parlez de motivation, quels sont les éléments sur lesquels vous insistez le plus et pourquoi ?  

J’essaye de donner de l’inspiration aux gens parce que la motivation doit venir de nousmême. Il faut prendre le temps nécessaire pour développer cette motivation et croire en la vie. Pour chaque problème, il y a une solution et pour chaque mauvais moment, il ne faut jamais arrêter de sourire, même si le ciel nous tombe dessus. Par exemple, je m’inspire beaucoup de Ayrton Senna. Mon objectif est surtout de transmettre un message d’enthousiasme partout où je passe. Avec mes discours, j’aide les gens à traverser des moments difficiles de leur vie avec une mentalité de gagnant.  

4. Est-ce que vous aimeriez habiter dans un autre pays, et pourquoi ?  

 Quand j’ai participé à une course en Hollande, j’ai trouvé les paysages et les fleurs magnifiques. Ça m’a donné envie de rester et d’habiter là-bas. Mais après, je me suis rendu compte que j’avais envie d’habiter dans tous les pays dans lesquels je courais car ils étaient tous très jolis. Finalement, je crois que c’est très important de rentrer après une course, parce que le Brésil, c’est l’endroit où je me sens vraiment chez moi. 

5. Est-ce que votre fils court aussi ?  

 Non, il ne court pas beaucoup, il préfère largement nager. Parfois, il court avec moi mais il n’aime pas trop courir, alors que moi j’adore ça. 

6. Qu’est-ce que vous ressentez quand vous courez ?  

 J’ai une sensation de liberté et de force parce que je peux me diriger où je veux, et quand je veux pour réussir mon objectif. Quand je cours, je pense très fort à ma famille et à mon fils. Ils me manquent mais c’est ce qui me donne la motivation et la force pour continuer. Je trouve ça très bien de pouvoir aller à n’importe quel endroit grâce à mes jambes. Elles me donnent un sentiment d’indépendance et d’autonomie 


7. Quelle a été votre course la plus compliquée ? 

 Je crois toujours que la prochaine course sera la plus dure de toutes. Avant mon plus grand défi, en 2010, je pensais qu’affronter les températures extrêmes des déserts serait le plus difficile. Mais la course le plus dure que j’ai effectué, c’était en 2010. J’ai parcouru 18 250 km au Brésil en 325 jours et je courais 56 km en moyenne par jour. Les 40 premiers jours de cette course ont été les plus compliqués car j’ai commencé ce défi juste après le décès de ma maman. J’étais très faible et les 20 premiers jours, je n’ai réussi à courir que 10 km par jour. Ma maman a été mon inspiration, ma motivation. Je garde toujours en tête la phrase qu’elle m’a souvent répétée dans ma vie « ne fait jamais les choses à moitié ». C’est ce qui a pu me donner la force de continuer ce défi. 

8. J’ai vu sur internet que vous étiez en train d’écrire un livre. Vous pouvez m’en dire un peu plus ?  

Oui bien sûr, je voulais absolument écrire un livre pour raconter mon histoire, mes conférences. Alors j’ai contacté une journaliste pour lui expliquer ce que je voulais. Au-delà de tout, j’aimerai raconter l’histoire de ma vie, de mon enfance jusqu’à aujourd’hui. Je suis passé par des étapes difficiles, comme la perte de mon père quand j’étudiais, et celle de ma mère quelques semaines avant de commencer un nouveau grand défi de ma vie : traverser le Brésil du nord jusqu’au sud (9 milles kilomètres au total). 

 J’aimerai raconter comment cette passion pour la course est survenu, quand je courrai de chez moi à l’université et quand j’ai commencé à travailler, de chez moi jusqu’à mon travail. A partir de ce moment, j’ai toujours voulu en faire plus et défier les limites de la course comme traverser plusieurs déserts.  

9. Quand vous allez courir, par exemple dans les déserts, dans la jungle ou autre part, vous y allez seul ou avec d’autres marathoniens ?  

Je cours seul, mais toujours avec un sac lourd et rempli de choses très importantes à l’intérieur : une puce de localisation afin que les gens puissent me retrouver si quelque chose m’arrivait, un sac de couchage, des lampes de poche, un couteau, un miroir, un sifflet, un drapeau du Brésil, de la nourriture lyophilisée (particulière aux marathoniens), des habits de pluie et pour le froid, de la crème solaire avec répulsif, un hamac et une gourde thermos avec de l’eau. Mais je ne suis en réalité jamais seul. Je rencontre toujours des personnes et je me fais des amis partout où je passe.  

10. Laissez un message qui nous inspire ! 


Il y a trois types de personnes dans le monde. Ceux qui désistent, qui ne tentent rien et qui font tout à la moitié par paresse. Les campeurs, qui tentent mais restent dans leur zone de confort, et qui ne sont pas capables de faire les choses jusqu’au bout. Et enfin, les alpinistes qui se préparent bien et anticipent, qui prennent des risques et arrivent jusqu’au sommet. Mon conseil est le suivant : soyez un alpiniste dans la vie. Nous sommes ici pour écrire notre histoire. 

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