Todos nós temos um deserto para cruzar, uma montanha para subir, uma selva para aprender e uma comunidade para interagir.

Qual é o tamanho do seu desafio? Sabemos que em momentos de crise, precisamos ter as ferramentas certas na mochila para seguir na jornada.

A melhor forma de motivação é através de exemplos práticos e reais, vividos de forma intensa por verdadeiros protagonistas. Tudo isso fica ainda melhor quando é interligado com esporte e natureza.







 
 

Da  Floresta Amazônica às mais altas montanhas da Terra, do calor escaldante  do deserto do Saara, ao frio extremo da Antártida. Carlos Dias é um ultramaratonista de expedições  às mais inóspitas regiões do mundo. Como atleta de extremos, vivência experiências aos quais o corpo humano mal sabe como reagir - e, às vezes milagrosamente, é capaz de superar. A palestra Inteligência na Adversidade,  traz experiências reais e emocionantes em todos esses ambientes. Em uma narrativa simples e  hábil, Carlos Dias nos leva em suas expedições aos ambientes mais extremos do mundo. Encontramos animais venenosos e ferozes na Amazônia, presenciamos atletas subindo por crateras vulcânicas no Equador ,  longas maratonas no sal  do deserto do Atacama, além da emoção de interagir com  os povos dos lugares mais isolados da terra, como a ilha de Madagascar na África e deserto de Gobi na China.

 
 

Confira a palestra Inteligência na Adversidade e  inspire-se para alcançar seus objetivos.

Conteúdo da palestra:
 
Motivação: Motivar a equipe com o projeto, principalmente nos momentos mais difíceis
Comprometimento: trabalhar a importância de toda equipe se comprometer com o projeto
Planejamento estratégico: Conhecer as dificuldades e antever os desafios
Ousadia: Quebrar limites e mudar paradigmas
Trabalho em equipe: Valorizar as diferenças e motivar o grupo
Perseverança: Manter o espírito vencedor nas adversidades
Análise e gerenciamento de riscos: Determinar os pontos críticos  e encontrar caminhos para solução
Aprendizagem: Avaliar os resultados alcançados e planejar-se para o próximo desafio.
 
Para saber mais e contratar a palestra Inteligência na Adversidade:
 
 Envie email para carlosdias12@hotmail.com  ou ligue para 11 9 74394151
 
 
 

 

42 Maratonas em 42 Dias. 250 Quilômetros em 7 Dias Nos Andes

                         Foto Zandy Mangold
Cada pessoa tem o direito de estabelecer seus limites, nos desafios que se propõe a cumprir. Já, outras pessoas, buscam desafios físicos que, aparentemente, seriam intransponíveis. Nesta categoria está o ultramaratonista Carlos Dias, considerado “superhumano” pelo Canal The History Channel e, dentre outras façanhas, detém dois impressionantes recordes listados no RankBrasil: “A Ultramaratona mais rápida pelos quatro desertos extremos” e “Corrida do Oiapoque ao Chuí em menor tempo”.

Carlos concedeu esta entrevista à body.mag logo após o seu retorno de mais uma prova de resistência: uma prova do Racing The Planet, em grandes altitudes. Nada menos que 250 km de prova, percorrendo trilhas no alto das montanhas do Equador. 

Na entrevista, Carlos conta sobre seus desafios físicos e psicológicos durante o percurso e fala sobre seus próximos planos.



body.mag : Carlos, como foi para você o desafio de correr uma prova de longa distância, e em altitude, depois da prova no Nepal, em 2011? Como superar a insegurança?



Carlos Dias: Correr em altitude, para o meu organismo, é um grande desafio. Quando você já viveu a experiência de ter corrido em altitude, como eu corri no Nepal, o ideal é ter estratégia mais conservadora, para conseguir captar como o nosso organismo irá reagir e, assim, tomar decisões diárias para obter sucesso na jornada de conseguir completar uma prova de 250 km. Eu senti a altitude desde o início, com enjoos, tontura e muita fraqueza nas pernas. Isso me fez diminuir o ritmo e trabalhar sempre atento às reações cardíacas e de força muscular. Trabalhei muito a parte mental, lembrando sempre de momentos de alegria e conquistas, para não deixar o mental entrar na zona de sabotagem, onde os questionamentos aparecem com maior força, fazendo muitas vezes o atleta desistir.



body.mag : É verdade que você correu o equivalente a 42 maratonas por 42 dias consecutivos na fase de preparação? Como sair ‘inteiro’ de uma preparação dessas?



Carlos Dias: Uma das minhas preparações foi correr um desafio, no início do ano de 2015, quando corri 42 maratonas em 42 dias. 90% de todo esse desafio foi realizado em esteira da Movement, 5% em asfalto ao nível do mar e 5 % na areia de praia. A temperatura média que trabalhei ficou em 28°C, meus batimentos cardíacos eram, em média, de 170 bpm, com uma velocidade média de 7 km por hora. O segredo para sair inteiro e mais fortalecido em relação à parte física, foi manter um ritmo tranquilo. Corri cada maratona, na média, em 5 horas e 30 minutos, sempre monitorado e com especialistas de fisioterapia. Ao término de cada maratona, realizei sessões de crioterapia, massagem e exercícios dentro da piscina.  Também, corri com tênis Skechers, com tecnologia que me permitiu conforto, proteção e flexibilidade, além de utilizar equipamentos Movement, que oferecem uma tecnologia de absorção de impacto, chamada SAC, a qual protegia as minhas articulações de lesões.



body.mag : Além de correr, praticava outras atividades físicas de condicionamento?



Carlos Dias: Sim, realizo um trabalho de exercícios com fisioterapeutas, onde trabalho força, equilíbrio e resistência. Além de correr, adoro dançar, o que trabalha muito a lateralidade, deixando sempre meu quadril e tornozelos fortalecidos e, uma vez por semana, realizo trabalho de alinhamento com quiropraxista, massagem e crioterapia, quando faço imersão em banheira de gelo para sanar qualquer tipo de inflamação.
  
“Sou um ser humano como qualquer outro, tenho meus medos e também meu momento de preguiça. A diferença é que me permito experimentar algo além do padrão”
Carlos Dias, Ultramaratonista.
  


body.mag : Durante a prova, houve algum momento em que você se questionou: “por que eu faço isso?”



Carlos Dias: Esse tipo de questionamento vai sempre aparecer na mente, em momentos de grandes desafios. Por isso, mantenho meu mental preparado para responder esses questionamentos de forma rápida e objetiva. Se você não tem um porquê para seguir em frente, certamente essa questão te fará desistir. Eu tenho muitos motivos fortes para nunca desistir de um objetivo: meu filho Vinícius, as crianças do GRAAC - que lutam para vencer o câncer -, e o meu próprio desejo de aprender a cada desafio.



body.mag : Qual a sensação de, após tanto esforço, alcançar a marca da chegada?



Carlos Dias: É uma sensação incrível de conquista. Uma emoção indescritível, um sentimento de alívio por todos os obstáculos superados. É algo único transpor aquilo que parece ser impossível e, depois, se ver ali, pisando na linha de chegada. Realmente é algo de gratidão eterna.



body.mag :  Ao mesmo tempo em que você se supera em desafios cada vez mais impressionantes, nós “mortais” às vezes ficamos com preguiça até de sair de carro para ir à academia. Onde está escondido esse seu ‘drive’ que não te deixa desanimar?



Carlos Dias: Sou um ser humano como qualquer outro, tenho meus medos e também meu momento de preguiça. A diferença é que me permito experimentar algo além do padrão, duas a três vezes ao ano. Tenho meus momentos de ficar de pernas para o ar, assistindo um filme com meu filho, ou simplesmente sozinho na montanha, fechado em meditar. Mas adoro estar com pessoas, dançar e correr em lugares diferentes. 

Não deixo minha vida ficar em piloto automático. Procuro conduzir cada momento com intensidade, plenitude e entusiasmo. Se aparece aquele dia que você não está com a energia que precisaria para fazer uma atividade, procuro ler um livro, escrever sobre minhas experiências. Se não exercito meu corpo, exercito minha mente. Mas o desânimo aparece também! Nesses momentos, aciono os meus porquês para não desistir, não deixar o desânimo, o “um dia que muitas coisas não dão certo”, serem protagonistas. Procuro, a todo momento, evitar ser conduzido pelo mau humor gerado pelo dia a dia, que atacam as pessoas a todo instante. Procuro olhar além desses momentos. Assim sigo sempre em frente. Sorrindo.



Imagem: Zandy Mangold


body.mag : Em que momento surgiu para você esta percepção de que deveria trabalhar sempre com estas metas de (enorme) superação física?

Carlos Dias: Isso é natural! Se estou vivo e quero aprender sobre a  minha essência e a essência do mundo, é preciso cavar fundo na experiência e se colocar desafios ousados que te forçam e acionem todos os seus sentidos de forma verdadeira.  Não tenho uma cronometragem de quando surgiu essa percepção, pois desde muito pequeno procurei metas ousadas, que mexiam comigo, e com as pessoas ao meu redor. Tenho paixão por desafios e amo viver minha vida. Mas sempre com o cuidado de passar para as pessoas que eu não quero ser o melhor do mundo e, sim, transmitir para o mundo o melhor do meu eu. Quero viver toda minha humanidade sem estereótipos, quero ser autêntico e espontâneo em cada ação que me proponho a fazer.



body.mag : Algum plano pra os próximos meses?



Carlos Dias: Para os próximos meses tenho algumas ações em feiras, palestras em empresas e já estou trabalhando em um convite que recebi na possibilidade de acompanhar, como atleta-guia de um atleta cego - o Vladmi Virgílio -, em uma prova 250 km no deserto do Atacama.
Fonte: Body.mag
 Foi um sucesso a inauguração da academia Body Station, que é equipada com 100% de equipamentos Movement, fator importante para os alunos que desejam buscar seus objetivos com segurança, tecnologia e excelência no atendimento.

 Eu fui conhecer a estrutura da academia em Brasília, realizar uma palestra sobre desafios em lugares remotos e passar algumas dicas sobre corridas.
Falei dos meus principais desafios, estratégias mentais para vencer os momentos adversos e falei sobre correr no gelo, no calor, na altitude e na floresta.
Destaquei a importância de pesquisar e testar os equipamentos, como tênis, lanternas, óculos e roupas.

No final realizamos um treino nas esteiras e trocamos um pouco mais de conhecimentos sobre corrida.

Gratidão pela recepção aos proprietários da Body Station Iran e Marcelo e toda sua equipe de especialistas, Gratidão a Movement e Skechers meus patrocinadores.




















































Quando decidi ir correr nas montanhas do Equador, tinha em minha cabeça as montanhas do Nepal, onde corri 103 km em 4 dias, no ano de 2011.

Na oportunidade de correr no Nepal, eu não aguentei os 7 dias os efeitos da altitude, saí da prova cumprindo apenas uma parte da meta que eu tinha escrito no papel.

Mas voltei do Nepal com uma lição, correr na altitude era um exercício mais mental que físico, os anos passaram e eu tinha no Equador a oportunidade de cumprir a minha meta de completar os 250 km em 7 dias em altitude.
                                           Vulcão Cotopaxi

Comecei o ano com um desafio intenso, corri 42 maratonas em 42 dias, expondo o meu corpo ao máximo de exigência possível para poder chegar ao Equador o mais preparado possível fisicamente e mentalmente.

Faltando quarenta dias antes da grande largada, sofri uma agressão covarde, por racismo, que forçou eu realizar uma cirurgia na cabeça, ficar por pelo menos 15 dias em repouso, tomando antibióticos e perdendo muito em resistência física.

Mas a mente estava firme, focada e entusiasmada a transformar um momento difícil e cheio de adversidade em um momento único de superação e conquista.
                                           Eu, Jane Carvalho e Vladmi Virgílio

Me preparei mentalmente, para enfrentar um desafio extremo, sem esquecer da preparação física com os melhores especialistas, equipamentos e materiais de alta tecnologia.

Cheguei em Quito no Equador cidade a 2980 metros de altitude, 5 dias antes da largada, para uma aclimatação na altitude, de cara senti os efeitos da altitude, tontura, enjoo e insônia.
No dia 25 de julho seguimos rumo ao primeiro acampamento no sopé do Vulcão Cotopaxi, a 3350 metros de altura e muito frio.

Passei a primeira noite, tentando respirar, as roupas me protegeram do frio mas não do cansaço imposto pela altitude.
                                           Floresta de Nuvens


O meu primeiro dia de corrida, foi um verdadeiro curso para aprender a andar, a largada  já começou com uma longa subida, e os passos sendo cortados, com um vento gelado no rosto, me fazendo reforçar a cada minuto minha determinação.

Após um primeiro dia de corrida, muito lenta e respiração sufocante, acordei para o segundo dia, com mais vontade de melhorar meu desempenho,  nesse dia o atleta Vladmi Virgilio teve um colapso e foi socorrido ao hospital, saindo da prova, assim seguimos com dois brasileiros na prova  eu e a Jane Carvalho de Salvador, mas o segundo dia foi ainda mais difícil, corremos pelo vale de vulcões, trilhas e longas subidas com quêníons, chegamos a 3.600 metros de altura, senti momentos de tonturas, outros de enjoo, muitas vezes as pernas simplesmente não respondiam ao meu comando, o choro vinha, pois achava que não conseguiria terminar a etapa, procurava manter firme meu entusiasmo, ajudando um atleta aqui outro ali, e quando chegava aos check points acionava os staffs com brincadeiras, mesmo que no momento eu estava vivendo um dia de muita dor.

O terceiro dia foi um sobe e desce incrível, e finalmente enfrentamos o caminho inca, uma trilha fina fincada em paredões  gigantescos, onde um erro, poderia nos levar a uma queda fatal.

Nesse  dia meu corpo, me deu uma trégua e consegui correr melhor, mas de forma cautelosa para não ter uma acidente, e preservando meu corpo para os dias extremos que tinha pela frente.
                                           Amigos no acampamento

No quarto dia o mais difícil, na minha concepção, começamos o dia correndo em um vale, florestas, cruzamos um rio gelado, e começamos a subir uma trilha pesada, que parecia não ter mais final.
E quando chegamos ao topo dessa trilha, estávamos apenas na metade para subir a trilha do Vulcão Quilotoa com  uma cratera gigantesca com água cor verde esmeralda, a subida lenta e gelada, com ventos fortes, nos cortando a pele, depois de circular a cratera chegando a quase 4000 metros de altura, começamos a descer uma trilha entre florestas e cheias de areias e pedras, que me fez cair por três vezes, e a forçar todas as minhas articulações de joelho, tornozelo e pés.
Ao chegar no acampamento  o enjoo cresceu, fiquei mais fraco, e tenso pois o dia seguinte era a etapa longa.
Passei a noite, me recuperando e elevando minha mente, ao meu filho Vinícius, aos meus pais e em todas as pessoas que torcem por mim.
                                          Vulcão Quilotoa

A minha alegria, era poder olhar para meus pés, e ver que não tinha nenhuma bolha, isso me deixava mais tranquilo pois sabia que estava cumprindo, o que eu desenhei, trabalhar com calma, paciência e leveza.

O quinto dia chegou, e seria longo, mais de 60 km para cumprir, e mais subidas e descidas, fui cantando, na trilha, focado em chegar bem, nesse dia passamos por fazendas, me integrei com as pessoas, procurei buscar em minha mente momentos de alegria, na minha vida, e isso me trazia momentos leves, esquecendo um pouco o cansaço e as tonturas, começamos a percorrer a florestas de nuvens, que não dava para enxergar nada pois o nevoeiro era fortíssimo, me assustava com os cachorros das fazendas e outros pequenos animais da floresta. A noite chegou e com ela a lua cheia, comecei sozinho na escuridão da floresta, que pulsava em vida, com corujas, sapos, gambas e outros tantos bichos com tantos ruídos.
O meu maior companheiro foi o rio, que descia a montanha ao meu lado e a cada passo ia mostrando sua força, com um barulho incrível da água batendo em rochas a sua frente.
Por algumas horas tive como companhia, os amigos da Coréia do Sul Elizabeh e Tong shing, depois voltei a seguir sozinho na trilha e cheguei ao acampamento às 2h 55 min.
Foi uma emoção enorme, ali eu sabia que tinha conseguido superar todas as minha fraquezas e a força da altitude do Equador.


A última etapa era a mais curta, cerca de 11 km, mas cheia de obstáculos, a cabeça  só pensava em chegar, e não importava se tinha um rio, uma subida, uma ponte fina, ou uma descida difícil.
A verdade era que eu estava pleno de felicidade, e disposto a chegar para conseguir celebrar com todos os amigos construídos na trilha.

E o dia 1 de agosto não irá sair da minha mente, levantei, meditei pois foi o dia que fazia 5 anos da morte da minha mãe. Seguir pela trilha lembrando, todos os momentos superados para chegar até aquele dia. e quando vi me deparei com a chegada e a festa de todos na cidade. Foi um grande alívio.

Terminei o percurso de 250 km em altitude, com 63 horas, a minha colocação geral ficou entre 112° col. Mas o meu maior êxito foi me manter na trilha até o final sem ter nenhuma lesão e nenhuma bolha.
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A prova teve 30 atletas que não conseguiram chegar até o final, ela testou a todos.

O campeão no masculino foi Ake Fagereng da Dinamarca com 27 h 15 min  e no feminino Sarah Sawyer  da Inglaterra com 35 h 25 min 


A noite, na cerimônia de premiação eu estava junto com outros atletas na mesa celebrando, a jornada.

E muito feliz com minha medalha, na altitude, quando ouvi meu nome ser chamado pela organização da prova.
Foi um momento incrivelmente mágico, todos se levantaram e aplaudiram entusiasmados, eu andei da minha mesa até o palco, com a respiração sufocada pela emoção, e o choro desceu de forma abundante. Eu estava recebendo um  troféu muito especial, o Troféu Spírit Awards  pelo espírito esportivo em momentos extremos, e por ser solidário aos atletas em momentos de adversidade na trilha.

Sigo aqui agradecendo minha família, meus pais em espírito, meu filho Vinícius, minhas irmãs, tios, tias, primos e primas, meu treinador Herói Fung, Mariana Lopes Quiropraxista, Espaço Bel Estética, Sportslab. Aos meus patrocinadores Skechers e Movement ao apoio da Tegma, a torcida dos amigos. e o suporte da equipe da Racing The Planet  Mary Gadans, Samantha, Zeana, Riittaa, Tonny, Zandy Mangold, Equipe médica de prova, staffs, voluntários.