Paixão pelo desafio

Paixão pelo desafio




Único sul-americano a completar a Copa do Mundo dos Desertos, Carlos Dias revela o fascínio pela aventura e o espírito esportivo que existe nas ultramaratonas

 
Alegria com as medalhas

Por Cesar Candido dos Santos

Superar desafios. Este é um dos principais objetivos do ultramaratonista Carlos Dias. Aos 36 anos, ele tem em seu currículo a participação em algumas das provas mais difíceis do planetas, como a Comrades e a BR 135, e é o único sul-americano a completar as quatro etapas da Copa do Mundo dos Desertos (Atacama, Saara, Golbi e Antártida), que é disputada em locais com condições climáticas mais extremas do globo terrestre.

Nesta entrevista para o O2 Por Minuto, ele conta um pouco sobre suas aventuras e o que mais o fascina nas ultramaratonas.

O2 Por Minuto - Como você se tornou um ultramaratonista?
Carlos dias -
Sempre busquei algumas coisas no atletismo com a corrida. Participei de disputas de 21 km e completei 64 maratonas. Descobri a ultramaratona por meio da leitura, quando conheci a Comrades. Decidi que ia disputar esta prova e me preparei para isso. Fiz os 100 km de Cubatão, em 97, e no ano seguinte fui para a África do Sul disputar a prova e tomei gosto pela coisa.

O2 Por Minuto - O que mais te atrai neste tipo de competição?
CD -
O sabor do desafio. Para participar de uma ultramaratona, é preciso ter estratégia, condicionamento físico e controle mental. Algumas provas também permitem o contato com a natureza, como o desafio na Amazônia, no qual passei por trilhas onde jamais estaria e pude ver coisas incríveis. Isto me fascina.

O2 Por Minuto - Como é a sua preparação para uma prova?
CD -
Não faço nada de extraordinário. Corro três vezes por semana de 20 a 25 km. Costumo variar um pouco e treinar no asfalto, areia e trilhas.Também faço natação, musculação, massagens e acupuntura. O segredo é conhecer o limite e prestar atenção no descanso. Não adianta forçar muito. A somatória de tudo isso me permite entrar inteiro nas provas.

O2 Por Minuto - Qual a ultramaratona mais difícil que você enfrentou?
CD -
Cada prova tem sua dificuldade e requer adaptações. Na Copa do Mundo dos Desertos, que foram as últimas corridas que fiz, acho que a mais difícil foi a do Atacama. Havia muita mudança no clima e no terreno do percurso. Isto exigiu muito e eu terminava exausto as etapas.

O2 Por Minuto - No meio de uma prova, você já pensou alguma vez: “o que estou fazendo aqui” ou “nunca mais volto para este lugar”?
CD -
Esses questionamentos sempre existem durante uma competição. E o treinamento mental é muito importante para eliminar isso. Antes de ir para um desafio, imagino como vou superar os momentos difíceis. Durante a disputa, procuro sempre pensar no dia da chegada, na festa que farão quando eu terminar e no meu filho. Ficar preso a pensamentos negativos limita muito e pode fazer com que eu desista ou me acidente.

O2 Por Minuto - Existe companheirismo entre os adversários durante uma competição?
CD -
Sim, e isto é fascinante. Cada competição é como uma Copa do Mundo, pois são mais de trinta países representados. Mesmo assim, existe uma solidariedade enorme. Todos se cumprimentam antes das etapas e o clima é muito bom. Dentro da prova, nos comunicamos e tenho amigos dos mais diversos lugares do planeta. Esta é uma das minhas maiores conquistas com a ultramaratona. É um tipo de competição que não existe conflito, as pessoas se ajudam e existe o verdadeiro espírito do “fair play”.

O2 Por Minuto - Qual é seu próximo desafio?
CD -
Vou cruzar os Estados Unidos do Pacífico ao Atlântico. Sairei de São Francisco e chegarei em Nova York, em um total de 80 dias e 5.250 km. A minha última etapa neste desafio será completar a Maratona de Nova York. Pretendo fazer uma grande festa no Central Park.

O2 Por Minuto - E dá para pensar em vitória na Maratona de Nova York depois de correr 79 dias seguidos?
CD -
Acho que não (risos). Minha intenção é fazer a prova em 4h30min. Muitos amigos já disseram que vão me acompanhar na maratona e será uma grande festa.

Confira os principais desafios vencidos por Carlos Dias
1998 – Comrades Marathon (África do Sul) – 90km
1998 – Maratona de Nova York (Estados Unidos) – 42,195 km
1999 – Apeldoorn Holanda IAU (Holanda) – 24 horas
1999 – Deserto do Arizona (Estados Unidos) – 432 km
2000 – Rio de Janeiro a São Paulo – 500 km
2001 – Deserto do Arizona (Estados Unidos) – 432 km
2002 – Deserto do Arizona (Estados Unidos) – 432 km
2003 – 1.000 milhas brasileiras – de Porto Seguro (BA) a São Bernardo do Campo (SP) – 1.600 km
2003 – Jungle Marathon (Amazônia)– 250 km
2004 – Apeldoorn Holanda IAU (Holanda) – 24horas
2004 – Jungle Marathon (Amazônia)– 250 km
2004 – Ecomotion (Bahia) – 500 km
2006 – Jungle Marathon (Amazônia)– 250 km
2007 – Desafio Oiapoque ao Chuí – 9.000 km em 100 dias
2008 – BR135 (BRA) – 217 km
2008 – Gobi March (China) – 250km
2008 – Saara Racing (Egito) – 250km
2008 – Last Desert (Antártida) – 250km
2009 – Atacama Crossing (Chile) – 250 km

 

2 comentários:

  1. Carlinhos mais uma vez lhe parabenizo pela essa façanha de atravessar mais um deserto...Sou seu fã, quando eu crescer,vou querer ser que nem vc...Que Deus continue te iluminando e te abençoando...
    Show de bola essa sua entrevista na Revista O2, vc tem um curriculo invejável.

    PARABÉNS!!!

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  2. O CARLOS É UMA PESSOA MARAVILHOSA E COM UMA GARRA DE VENCER INCRÍVEL!! PARABÉNS POR SER ESSA PESSOA BRILHANTE, E A CADA DESAFIO, UMA VITÓRIA!! VOCÊ É UM VENCEDOR!! DESEJO TODA A FELICIDADE DO MUNDO, E QUE DEUS CONTINUE ABENÇOANDO A SUA VIDA E A SUA CAMINHADA...
    PARABÉNS!!
    BJOS.

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